quarta-feira, 21 de julho de 2010

Esperança para o mundo

No último artigo, com o título “Fé e futuro”, eu falava das conseqüências de querer construir um mundo sem Deus, e da necessidade urgente de reconhecer seu lugar na vida da humanidade. Desta vez gostaria de deixar aos leitores uma palavra sobre a esperança, que ao meu ver, é uma das mais belas palavras de nossa língua.

A “Salve Rainha”, uma das orações mais antigas e conhecidas do mundo católico traz em seu conteúdo uma frase contundente que me impressiona desde a infância: “A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas...”. Sem querer ceder a um pessimismo simplório, hoje constatamos a atualidade desta expressão medieval. De fato, como nunca, somos tentados a ceder ao desespero quando vemos a terra banhada por lágrimas de dor e de sofrimento. Ao assistir os noticiários, ou ler um jornal, somos golpeados pela pergunta: O que podemos ainda esperar? São muitas respostas possíveis a esta pergunta. Mas apresento apenas dois caminhos:

Precisamos saber esperar. As respostas ou soluções para os problemas do mundo, para os nossos, para o desespero não são automáticas ou mágicas. Por isso, com a virtude da esperança, precisamos cultivar a paciência e a perseverança.

Devemos saber em quem estamos colocando nossas esperanças. Freqüentemente depositamos nossa esperança numa pessoa, no dinheiro, no governo, nos bens materiais... Sabemos que no fundo, tudo isto pode nos decepcionar, frustrar a esperança que tínhamos, e assim causar sofrimento e desilusão. São realidades que passam e, por isso, não deveriam ser as depositárias da esperança.

Poderíamos continuar com outras respostas. Mas chega o momento em que a esperança só pode ir em frente se for sustentada por uma outra virtude: a fé. No Novo Testamento, precisamente na Carta aos Hebreus, encontramos uma bela definição da fé: “é permanecer firmes naquilo que se espera, estar convencidos daquilo que não se vê”(Hb, 11,1). Este é um convite a viver com esperança, mesmo que ainda não possamos ver o futuro que nos espera. Mas também é um alerta: aquilo que devemos esperar depende da fé e também do lugar que damos a ela na vida. A fé sempre nos aponta o futuro, nos convida a olhar para o alto. Justamente por isso, penso que a oração que citei acima, traz não somente uma referencia ao “vale de lágrimas”, mas também diz: “Vida, doçura e esperança”. São palavras belas, que trazem consolo e alegria, mesmo que não as encontremos com tanta facilidade no contexto atual. São um convite a viver com esperança.

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