quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fé e Futuro

Freqüentemente a idéia de Deus e de religião, no mundo moderno, é confundida com obscurantismo e ignorância, um empecilho à modernidade, ao avanço da ciência e da técnica e um bloqueio à liberdade do indivíduo. Há sim uma cultura que apregoa que a história vivida sob a égide do cristianismo tenha sido um erro: dizem que é preciso, o quanto antes, reconstruir tudo novamente sem influências cristãs e, mais ainda, sem influências religiosas. Na época atual a humanidade parece querer recriar um mundo onde já não haverá lugar para Deus.

Quando excluímos Deus do horizonte de interesse da humanidade, aparentemente, tudo parece continuar normalmente, como se nada tivesse acontecido. Mas na prática(pois Deus é prático e real!), percebemos o quanto as coisas mudam, e hoje, mais do que nunca, somos todos diretamente atingidos pelas conseqüências de viver como se Deus não existisse. Basta olhar ao redor e constatar que já não se ouve quase nenhum grito de espanto quando o ser humano se torna um objeto: em laboratórios são criados embriões humanos com a finalidade ter a disposição “material de pesquisa”; a prática do aborto, mundialmente e no Brasil, tem produzido números absurdos; o tráfico de drogas que chega em ambientes aparentemente saudáveis fazendo cada vez mais vítimas; o mercado da prostituição e o tráfico de seres humanos para servir aos interesses de organizações comerciais; o apelo sexual e pornográfico de que se revestem muitos setores dos meios de comunicação; o abuso e a exploração sexual de menores...

Não posso e nem quero me estender na descrição deste cenário de horrores, pois estou certo de que todos estão literalmente assistindo pela televisão um retorno alarmante da barbárie.

Isso nos coloca diante de um questionamento fulminante: quando o ser humano torna-se um objeto, o que pode ele pensar de si mesmo? Como compreender e comportar-se, diante do ser humano, quando não se vê nele mais nada de misterioso e divino? No fundo, a resposta para estas questões, está justamente na necessidade de reencontrar o lugar de Deus no mundo e na vida. É uma necessidade vital, especialmente para os jovens, dar espaço para Deus junto às atividades mais cotidianas de nossa existência: Ele não nos tira a liberdade, não nos priva de nada. Ele existe e dá forma à realidade e à vida e, assim garante o futuro do próprio ser humano, impedindo que este se torne objeto e meio para se alcançar um fim qualquer.

A fé carrega em seu conteúdo uma preciosa promessa de futuro para a humanidade. Talvez, justamente por isso, podemos assistir, ao lado de tantos exemplos de desprezo de Deus e de sua aparente ausência do mundo, uma busca sem precedentes de sua presença. Em toda parte, o homem e a mulher, despertam para experiências religiosas, buscando visões e mensagens de outro mundo. Quando se fala em uma aparição divina, milhares se põem a caminho, movidos pela esperança de que, em algum lugar haja uma fresta por onde possamos nos comunicar com o céu e assim receber consolo e força.

Alguém poderá objetar que as multidões e encontros de massa motivados pela religiosidade não dizem coisa alguma e são mais uma forma de alienação. Da minha parte não dou meu apoio incondicional a essa objeção. O futuro da humanidade pode muito bem surgir dessa busca, onde o ser humano está aberto para descobrir que Deus é real e traz em si a garantia do futuro.

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